sábado, 19 de fevereiro de 2011

Edição 6a. "Diário do Mochileiro - Lost in London " (III)


Chegava o final da tarde e me encontrava em frente às escadas do “Montana Hotel” sentindo um frio na espinha. Minha vontade era desistir dessa idéia, mas quando olhei para trás lá estava o guarda na minha mira. Esse era o empurrão que eu precisava para passar por aquela porta e tentar a grande sorte.

Enfim entrei e que coisa linda era o hotel, tudo muito bem decorado, com um amplo e majestoso hall. No balcão da recepção estava somente um senhor que estava ao telefone e fui a sua direção com a cara e a coragem.

Acredito que a minha aparência não era das melhores e o que pensaria de uma jovem chegando sem malas tendo nos ombros uma simples bolsa.
E eu que estava usando aquela roupa a dois dias desde que sai do Brasil e não vendo à hora de poder tomar um banho e me trocar.

Quando cheguei ao balcão o senhor acabara de desligar o telefone e foi logo me cumprimentando gentilmente. Respondi em inglês, mas fui logo perguntando se falava português.
Para minha alegria ele falava espanhol e então fui logo ao assunto pedindo para falar com o Gerente expondo o motivo resumidamente.

Olhou para mim dos pés a cabeça e pediu para que eu aguardasse. Sentei em uma das poltronas que havia na recepção e ali fiquei por um tempo que não conseguiria precisar, mas que teria sido extenso porque já era tarde e no relógio da recepção marcava 22h16min.

Estava com um pouco de fome, mas não tanta graças aquele lanchinho ofertado pela gentil portuguesa da Confeitaria.Pelo tempo deveriam ter se esquecido de mim e estava tão cansada que até agradeceria que me procurassem só de manhã me deixando dormir ali mesmo que era mais confortável que no metrô.

Bastou eu começar a imaginar essa possibilidade para que me chamassem. Orientaram para que seguisse o corredor em frente ao balcão até o final e virasse a esquerda onde daria de frente para a porta da Administração. Chegando lá pediram para procurar a Mrs. Carter que estava me aguardando.

Agora era para valer e lá fui eu caminhando por aquele corredor sem pensar muito e pronta para sair daquela sala como a mais nova funcionária do “Montana Hotel”. Assim que cheguei ao final do corredor antes de virar à esquerda ouvi uma porta bater e de repente esbarro em uma pessoa que saíra às pressas me arrastando tamanha era a fúria com que vinha.

Assustada dei um passo para o lado e vejo um sujeito que mais parecia um monstro de tanta raiva que demonstrava de tão feio que era. Não disse uma só palavra, me olhou de rabo de olho e saiu em disparada pelo corredor. Pensei comigo mesmo que cara estranho e misterioso e o que será que faria naquele hotel, mas quero mais saber é de mim e vamos lá Regina falar com a Mrs. Carter que espero ser mais simpática e cordial.

Abri a porta e encontrei uma senhora de seus quarenta anos, vestida num elegante e discreto terno. Fui muito bem recebida e por falar espanhol a minha entrevista transcorreu muito bem. Até cheguei a comentar sobre o sujeito estranho que me atropelou no corredor.

Então ela me explicou que ele é um cigano que constantemente cerca os hóspedes na entrada oferecendo para ler a sorte. Havia conseguido entrar e estava no bar do Hotel fazendo a festa e os seguranças acabaram com a brincadeira dele.

Contei a minha história nua e crua e no início me pareceu que não teria sucesso, mas depois ela me ofereceu um emprego temporário de camareira onde receberia por semana 300 euros e teria direito a um quarto para dormir e com uma folga por semana.

Enquanto ela foi falando a felicidade e alívio que eu senti foi inexplicável e agora estou aqui neste quartinho deitada nesta simples cama muito simples e escrevendo estas linhas para deixar registrado todos os momentos que passei nesta minha estadia como clandestina nesta grande Metrópole.

Estou cansada, mas não consigo ter sono talvez por estar muito agitada e ansiosa por saber como será o meu trabalho a partir de amanhã. Imagina que alegria em tomar um belo banho e trocar a minha roupa pelo uniforme do Hotel. Já lavei toda a roupa para que seque até o dia da minha folga, ma o probleminha que tive foi com a minha única calcinha que o jeito foi deixar ela estendida na frente do aquecedor do quarto e estou rezando para secar rapidinho.

Fora isso está tudo muito bom e agora a jovem turista “Lost in London” está com um emprego de camareira e com um teto quentinho para morar. Só tenho que agradecer a Deus por estar aqui neste pedacinho do céu.


RSantos


6a. Edição Diário do Mochileiro
Tema: encontra alguém muito estranho e misterioso
10a. Edição C & F
Tema : Começar com a letra "C", e treminar com a letra "U".

* Iniciei o Diário de Mochileiro na edição (4a.) onde inclui os resumos das três anteriores.
As  edições poderão ser acompanhadas AQUI *
(guia "Diário de Mochileiro  Lost in London"  na parte superior)
imagem da NET 

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